quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Escola da Ponte

José Pacheco


José Francisco Pacheco é o educador que deu impulso inicial ao projeto da Escola da Ponte, uma revolucionária escola de Portugal que nosso educador brasileiro Rubem Alves descreve assim:


... um único espaço, partilhado por todos, sem separação por turmas, sem campainhas anunciando o fim de uma disciplina e o início da outra. A lição social: todos partilhamos de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são companheiros numa mesma aventura. Todos se ajudam. Não há competição. Há cooperação. Ao ritmo da vida: os saberes da vida não seguem programas. É preciso ouvir os "miúdos", para saber o que eles sentem e pensam. É preciso ouvir os "graúdos", para saber o que eles sentem e pensam. São as crianças que estabelecem as regras de convivência: a necessidade do silêncio, do trabalho não perturbado, de se ouvir música enquanto trabalham. São as crianças que estabelecem os mecanismos para lidar com aqueles que se recusam a obedecer às regras. Pois o espaço da escola tem de ser como o espaço do jogo: o jogo, para ser divertido e fazer sentido, tem de ter regras. Já imaginaram um jogo de vôlei em que cada jogador pode fazer o que quiser? A vida social depende de que cada um abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva. E assim vão as crianças aprendendo as regras da convivência democrática, sem que elas constem de um programa.
Eu precisaria ver para crer e consegui ver um pouco pelo YouTube. No vídeo abaixo, José Pacheco faz pontes entre a Escola da Ponte e a educação no Brasil.



Uma escola que tenha mais de 100 alunos deixa de ser uma escola, passa a ser um depósito de alunos onde ninguém se conhece.

Nós precisamos ter vínculos afetivos, precisamos criar laços. Porque a aprendizagem não está centrada no aluno, não está centrada no professor, não está centrada no conteúdo. A aprendizagem - isto não está nos livros, mas nós decobrimos - está centrada na relação. Aliás, muito freiriano: nós não ensinamos nada a ninguém; aprendemos uns com os outros mediados pelo mundo... Então, se está centrada na relação, tem de haver uma relação intensa entre as pessoas.

Somos a primeira escola no mundo que teve um contrato de autonomia (com o Ministério de Educação). Nós não obedecemos as leis do Estado, obedecemos a lei que estabelece nosso projeto político e pedagógico, daquela comunidade. E temos, como primeira condição do contrato, que o Ministério de Educação crie uma comissão de acompanhamento e avaliação para medir os resultados que nós produzimos. Temos responsabilidade social: venha alguém de fora para ver os resultados. E se os resultados forem negativos, acabamos com o contrato. Somos nós que escolhemos os professores, somos nós que nos gerimos financeiramente, somos nós que escolhemos o nosso modelo curricular, somos nós que fazemos tudo. Cumprimos toda a grade curricular dos nove anos, integralmente... e temos os melhores alunos.


Outros bons vídeos relacionados clicando nos links abaixo:

- Trecho de documentário sobre a Escola da Ponte.

- Parte 1 e Parte 2 de programa que explica o funcionamento da Ponte.

- Um caso de adolescente com antecedentes criminais e violentos recebido na Escola da Ponte: "Ele logo compreendeu que na nossa escola NINGUÉM ESTÁ SOZINHO".

Tem mais lá pelo YouTube. Informações, comentários, opiniões: bem-vindos.


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